19 junho 2010

Pare o mundo que eu quero descer.

Você já se sentiu com vontade de nascer de novo, e fazer tudo diferente???
Aquela sensação de: eu fiz tudo errado até aqui. Se eu tentar mudar, vai dar tanto trabalho.
Trabalho, trabalho. Não, não dignifica. Corrói.
Se eu pudesse ter tido outra infância, se meus pais pudessem ter continuado juntos, ou quem sabe se nem se conhecessem... Uma vez que nasci, fui a porra da princesinha do papai....Mas isto não durou quase nada. Penso que, se eu tivesse sido a princesinha do papai por mais tempo, não seria quem eu sou hoje. Seria o que eu mais odeio ver por aí.
Enfim, a infância molda as pessoas. A minha infância me moldou. Definitivamente que esta não foi como o Estatuto da Criança e do Adolescente escreve em linhas tão bonitas e justas para os pequeninos.
Não escrevo para demonstrar o quanto pais separados fodem com a vida de seus filhos. Escrevo porque, algo aconteceu. No meio do caminho, do meu desenvolvimento cognitivo, algo aconteceu.
Embora eu saiba que este algo tenha nome e sobrenome, eu era somente uma garotinha de sete anos. Eu poderia ter achado graça de todos aqueles discursos que me foram apresentados tão cedo. Mas não, eu me apaixonei. Apaixonei-me pela leitura, pela música, por estudar política e essas coisas que me fazem agora ser quem eu sou e não uma garota consumista que ouve o que a MTV vende.
Embora exista um herói nesta história, como tudo nesta vida, houve obstáculos. Este herói não me deu manual de instruções. Não me avisou que eu ter me tornado um ser pensante e diferente das pessoas do meu meio social geraria tanto preconceito. Não me alertou sobre as meninas que me odiariam, pois não sou tão superficial quanto elas. Não me avisou que meus pais não aprovariam nada desses pensamentos anti-sistema. Muito provavelmente meus pais nem conhecessem estes conceitos. Este meu “herói” não me avisou que eu seria etiquetada como esquisita e, quanto mais eu tentasse me encaixar, pior ficaria minha situação.
Não o culpo, afinal, algumas coisas eu teria de aprender sozinha. O problema é que talvez eu tenha demorado muito a entender que ser alguém pensante é melhor. É melhor que ser aceita na escola. É melhor que ter milhares de amiguinhas falsas e burras. É melhor que atrair o menininho mais bonito da 8º série. Eis que surgia minha maior falha, em todo o meu processo de construção de personalidade. Passei tanto tempo tentando me encaixar, tentando ser normal, tentando gostar dos programinhas e coisinhas e bandinhas que as minhas amiguinhas gostavam, que me corrompi. Não, não pense que mudei. Que depois de toda essa luta, tornei-me ao fim uma pessoinha pequena e normal. Não, não me tornei. Continuo aqui, com todos os meus questionamentos, pensamentos, desassossegos, enigmas e estigmas. Porém, se eu tivesse descoberto antes o que poderia ter me tornado. Ah se isto eu tivesse feito!!!! Eu não teria perdido tanto tempo tentando me encaixar e usaria – o para me aprimorar. Aprimorar-me nas coisas em que eu sempre fui boa. Fato que ocorreu com vários dos meus amigos pensantes.
O que me ocorre agora é que estou entre estas duas verdades: aquela das pessoas bobinhas e corrompidas e aquela das pessoas pensantes. Tentei por tanto tempo ser normal, que talvez parte de mim tenha conquistado este feito. E isto é triste. O que me resta agora? Correr atrás da minha verdadeira essência, dos meus verdadeiros planos. Vejo agora, nunca deveria te-los abandonado! O que me resta agora? Correr atrás das coisas que eu já deveria saber. Recuperar o tempo perdido. Isso dá trabalho, certo? Mas isto vale a pena. É um plano de vida. Não posso desistir agora. Para ao fim olhar para trás, e ver significados.
Sim, às vezes desejo ser criança de novo... E, ao invés de chorar porque as patricinhas não gostavam de mim, mergulhar cada vez mais naquelas bandas “esquisitas” e naqueles livros “perigosos”. Em parte fiz isso, Em muitos momentos fiz isso. Mas não foi suficiente.
O que será suficiente? Diminuir este atraso intelectual? Talvez. Por enquanto, não vejo outra forma de retornar ao que eu deveria ter sido e não fui por descuido.
Esta será uma viagem, daquelas viagens difíceis, cheias de problemas no caminho. Como se eu desejasse percorrer o país de bicicleta. Mas, talvez ao fim, eu perceba que muitos frutos colhi pelo caminho. E estes frutos, somados aos que eu tenho me tornarão em alguém. Em alguém que eu sempre desejei ter sido e não o fui de maneira completa.

10 junho 2010


Porque de repente se tornou coisa fácil tratar as pessoas com respeito e calma. Porque estás a pensar toda vez antes de agir agora. Sempre levando em conta a imagem do futuro..."O que a futura Carol faria?". Porque, meus amigos, o futuro é agora.
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Sorohell
Devaneios e ventania.Tolices de uma garota quieta que fala demais.